4 de ago. de 2006

Está morto - por Reinaldo Azevedo

Por mais que esse episódio das fotos de hoje deponha contra a inteligência e, obviamente, contra certo tipo de jornalismo, não deixa de ser positivo que tenha acontecido. Expõe-se a farsa dos que se pretendem comprometidos apenas com os fatos. O que está em curso no país, e já faz tempo, é um tipo perverso de distribuição partidária de más notícias. Se o PT é atingido por uma onda de fatos — e não de mentiras — que não lhe é favorável, será forçoso pôr alguma coisa no outro prato da balança, tenha ela peso ou não. E o país que se dane. Assim procedendo, o jornalista e o veículo podem dizer que têm o rabo preso apenas com o leitor, com a verdade, com a história — ou que outra mistificação se ponha no lugar. Nada, no entanto, concorre mais para a injustiça e para privilegiar o banditismo do que igualar os desiguais. É um tipo de jornalismo que está em decadência, que seduziu alguns durante um bom tempo, que enganou outros tantos por mais algum. Mas a própria democratização da tecnologia da informação, com a Internet, veio tirar o monopólio tanto dos donos da verdade como dos donos da isenção. É um passado que se nega a passar, que esperneia, mas que já não rende mais frutos. Acabou.

Nenhum comentário: