9 de ago. de 2006

Burrice Esquerdista - por Paulo Leite

O número que me parece importante na última pesquisa CNT/Sensus não é a queda do candidato tucano, mas o número que se obtém somando a porcentagem dos que votariam hoje em Lula (60,5%) aos que votariam na senadora Heloísa Helena (11,7%).

O que o número mostra é que pelo menos 60% dos brasileiros ainda acreditam que as respostas para os problemas brasileiros estão na esquerda tradicional.

E digo “pelo menos 60%” porque na verdade essa porcentagem é ainda maior, se considerarmos que há certamente uma grande quantidade de esquerdistas entre os 20,9% de indecisos.

Por convicção ou por pura falta de informação, quem vota em Lula ou em Heloísa Helena está, em linhas gerais, expressando satisfação com o panorama que está aí: economia titubeante, carga tributária asfixiante, privilégios de todo tipo para o setor estatal, baixo nível de incentivo à livre iniciativa e ao pensamento independente (só para citar alguns poucos pontos).

O fato de que, em poucas décadas, a balança do Brasil tenha pendido de tal forma para a esquerda é, para mim, assustador.

Quando acordo otimista, chego a me entusiasmar com a explosão de blogs e sites liberais na Internet brasileira, com o surgimento de uma nova geração que, livre das amarras do jornalismo “oficial”, expressa um ponto de vista diferente, baseado na observação de que a esmagadora maioria dos países que “deram certo” no mundo seguem os preceitos da liberdade econômica.

Não há otimismo que resista, porém, à leitura da “grande” imprensa brasileira, ou – pior ainda – à chamada imprensa “alternativa”, dominada por uma esquerda que não faria feio na antiga Albânia, ou no paraíso socialista de Kim Jong-il na Coréia do Norte. Sem falar nos blogs esquerdistas, que são de doer.

A avalanche de conceitos pseudo-marxistas, infelizmente, não fica restrita aos veículos da esquerda. Quem vai às páginas reservadas a comentários em qualquer blog liberal depara com uma enxurrada de agressões e ataques totalmente isentos de argumentos cada vez que alguma crítica é feita à visão socialista do mundo.

Se você ainda tem um mínimo de paz de espírito e otimismo, recomendo evitar esse exercício, ou pelo menos evitar os comentários que se seguem a qualquer crítica a paladinos da liberdade como Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales ou Che Guevara.

O que choca na leitura dos comentários feitos pela turma da esquerda, além de seu primarismo intelectual, é a compreensão de que seus autores não fazem parte de uma minoria desvairada, simplesmente pensam igual à esmagadora maioria dos brasileiros.

Para essa gente, “mercado” ainda é palavrão, “livre iniciativa” é coisa de “burguês” e qualquer um que se atreva a defender o sistema capitalista é um “elitista” que tem algo de errado na cabeça ou está apenas defendendo seus próprios “privilégios”.

A tônica é a crença no poder do Estado para melhorar a vida das pessoas. A idéia de que existem “diferentes” formas de se organizar um país, e que todas seriam mais ou menos equivalentes.

E dá-lhe “dignidade humana”, “solidariedade”, “justiça social”, “luta contra a desigualdade” e outras pérolas. A defesa da “revolução” cubana, então, é reflexiva, imediata, a pobreza da população cubana, “fruto do bloqueio econômico dos Estados Unidos”.

Sem ter que buscar muito, é possível encontrar até quem defenda a “democracia” e as “eleições” cubanas. Ou quem tenha a cara de pau de alegar que a exigência de “visto de saída” para um cubano que deseje deixar o paraíso de Fidel é tão natural quanto a exigência de um visto de entrada pelos EUA.

A tristeza é que, ainda que eu não queira me equiparar aos que apenas ofendem sem argumentar, a única palavra que me vem à mente é “burrice”. E da grossa.

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