9 de fev. de 2006

Está passando da hora

por Paulo Leite, de Washington, DC - publicado no Diego Casagrande

Ronald Reagan costumava dizer que as palavras mais perigosas da língua inglesa eram “eu sou do governo, e estou aqui para ajudá-lo”. O ex-presidente americano também dizia que o governo era o problema, não a solução. Embora durante seus anos na presidência não tenha conseguido diminuir o governo como gostaria, deixou um legado que anima muitos conservadores dos EUA até hoje.

Reagan entendia, assim como os fundadores da nação americana, os perigos de um governo muito grande, intrusivo, com o nariz metido onde jamais deveria. Os “pais da pátria” eram, em grande parte, estudiosos da natureza humana. Sabiam que o papel do governo era simplesmente colocar seus cidadãos no caminho da liberdade e da busca pela felicidade. O resto caberia a cada indivíduo.

Eles sabiam que cada indivíduo tem noções diferentes sobre onde gostaria de chegar, e uma idéia distinta do que vem a ser felicidade. Na vasta maioria dos casos, “felicidade” com certeza tem muito pouco a ver com uma utopia imaginada por um filósofo alemão, ou um burocrata governamental.

A verdade é que o governo ideal deve ser mero facilitador, nunca produtor ou indutor. Quer dizer, deve garantir a proteção física do indivíduo e sair de seu caminho. Infelizmente, um governo que nem ao menos consegue cumprir essa função básica – como o nosso – é um governo que enveredou por caminhos seriamente equivocados.

Na antiga União Soviética, em Cuba e numa série de outros lugares, infelizmente, muita gente morreu por não enxergar as vantagens da “felicidade” imaginada por algum iluminado líder ou comandante. Por sorte, no Brasil nunca chegamos a tanto, mas não faltou gente com vontade de fazê-lo. Alguns não hesitariam em tentar, ainda hoje.

É por isso que é cada vez mais imperativo transmitir, a quem possa ouvir, idéias contrárias ao coletivismo barato que vem sendo pregado há décadas em nossa terra. Um país com o potencial do nosso não pode mais, em pleno século XXI, estar amarrado a ideologias que já deveriam estar enterradas, nem pode seguir sendo propriedade privada de políticos mais interessados em vantagens pessoais do que no bem de todos.

A expansão do governo central brasileiro precisa ser contida a qualquer custo. Seu tamanho é um obstáculo, não uma vantagem. Seu sustento rouba o país de recursos vitais para outras áreas primordiais, como a educação. O gigantismo da máquina estatal é causa de mazelas sem fim, a começar da taxa de juros insana. Do tamanho da carga tributária, melhor nem falar.

Não se trata de destruir o governo, à moda dos anarquistas. Trata-se, isto sim, de reduzir a administração federal a um organismo enxuto e competente, capacitado a cumprir suas missões básicas de garantir a segurança dos indivíduos, proteger o país de ameaças externas, garantir a propriedade privada e o cumprimento de contratos firmados livremente entre as partes, e outras funções afins.

Mais que isso e já estamos falando ou em funções que devem ser deixadas a governos locais (quanto mais locais, melhor) ou em áreas onde nenhum governo deve se meter. Como querer controlar interações econômico-financeiras que devem ser deixadas a um mercado livre.

A maior parte das distorções encontradas na economia brasileira, a péssima distribuição de renda, a miséria de parte importante de nossa população, são conseqüência da falta de liberdade, não do excesso. Décadas de governantes metidos a “pai dos pobres” só produziram mais pobres.

É passada a hora de dar um basta nessa situação. Como diria o poeta, está na hora da liberdade finalmente abrir suas asas sobre nós.

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