20 de fev. de 2008

A cruzada contra o individualismo


O tenista Gustavo Kuerten está encerrando, aos 31 anos de idade, sua vitoriosa carreira. É um talento uno que inspirou até quem não joga tênis. Eu era um daqueles aficionados pelo tênis que perdiam 2, 3 ou até mais horas assistindo àquelas partidas épicas de 5 sets.

Kuerten só não fez mais sucesso porque, no Brasil, realmente ninguém gosta de tênis. O tênis é um esporte individual. Assim como nas preferências políticas e ideológicas, os brasileiros são mais adeptos ao coletivo. O individualismo, o mais ocidental de todos os valores, no Brasil, sempre foi mal visto.

Muito provavelmente, essa ojeriza ao individualismo tenha berço na ignorância do conceito da palavra. O individualismo, conforme alguns confundem por aqui, flertaria com o egoísmo, com a mesquinharia, com o orgulho. Esse delírio é comum não só aos iletrados, mas também a muitos “intelectuais” coletivistas. Também costuma-se associar o individualismo -- desta feita, de maneira correta -- ao capitalismo, “pecado mortal” em nosso país. Ao invés de criarmos uma cultura que incentive os homens a enriquecerem, cultuamos o “pobrismo”.

As bases do individualismo estão fundamentadas na igualdade, na liberdade e na crença nos conceitos de propriedade privada. O individualismo é a afirmação e o livre-arbítrio do indivíduo perante a sociedade e o Estado, que não tem – nesta ideologia – controle sobre o indivíduo, pois este despreza as hierarquias sociais existentes. É a negação do sentimento de grupo. Bem ao contrário do coletivismo comunista, que subjugou individualidades durante seu regime, por exemplo, na União Soviética – e hoje subjuga em Cuba.

Para ilustrar melhor, podemos nos lembrar como o individualismo foi soberbamente retratado em três clássicos do cinema contemporâneo, como em “Forrest Gump”, “O Náufrago” (ambos com Tom Hanks), e “A Procura da Felicidade” (com Will Smith). Recomendo assisti-los.

No campo religioso, dirimimos quaisquer dúvidas sobre a nobreza destes valores que tanto os coletivistas recriminam. Basta lembrarmos dos princípios do individualismo cristão, onde podemos até alcançar Jesus Cristo pela palavra ou pelo exemplo do próximo, mas só seremos realmente cristãos quando descobrirmos isto por nós mesmos. Ou então a salvação prometida por Jesus, que consiste na busca – individual – pela verdade, e na responsabilidade pelos nossos próprios atos.

Quando esteve na pior, seriamente lesionado, sem disputar torneios, Gustavo Kuerten foi esquecido. Agora, no momento da despedida, onde as lembranças de um passado glorioso de vitórias e títulos fragilizam a todos e, as lágrimas escorrem para viver as emoções da despedida, bem, aí todos aparecem. Até Lula tirou uma casquinha, pegando carona na despedida de Kuerten, prestando-lhe “homenagens”. Proselitismo e populismo, como vêem, não tem hora nem lugar para acontecer. Mas é o que o coletivo (o povo) gosta de ouvir. Por essa, o tenista de “simples” – modalidade individualista do tênis – Guga poderia ter passado incólume.

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