21 de mai. de 2007

Lula e Delúbio: eles venceram o Brasil - por Glauco Fonseca

Houve pelo menos um dia em que Jader Barbalho foi algemado e preso. Maluf chegou a ser detido por vários dias com seu filho. O juiz Lalau ainda está (está?). Collor perdeu seu mandato e PC Farias foi assassinado. Até mesmo José Dirceu sofreu – e ainda sofre – pelo seu “conjunto da obra” no caso do mensalão, segundo o procurador-geral da República.

Muitas outras “personalidades” brasileiras envolvidas em algum escândalo foram expostas à opinião pública, outras até morreram, como os prefeitos de Santo André e de Campinas. O próprio Marcos Valério já não tem mais agência e nem tão cedo terá (ou será que já tem e eu não sei?).

O certo é que temos de render homenagem a dois ilustres brasileiros que, mesmo tendo sido personagens fundamentais nas mais importantes ocorrências do mensalão, dos empréstimos mentirosos e dos conchavos no Congresso Nacional, esses dois são Delúbio Soares e Lula da Silva.
Delúbio está de bem com a vida. Nenhuma responsabilidade foi apurada, mesmo tendo sido ele dono da caneta mais rápida do velho sudeste. Esteve à frente das falcatruas mais famosas dos poucos séculos de história do Brasil e nada, absolutamente nada se fez para elucidar e enquadrar o cidadão. Já Lula, o presidente, cujos compadres, assessores, chefes de gabinete, amigos, financiadores, pagadores de contas permaneceram como estão, não só foi isentado de tudo como ganhou de prêmio mais quatro anos no comando deste país que tem muito, muito mais sorte do que juízo.

Lula e Delúbio são a dupla que venceu o Brasil em todos os certames a que foi exposta. Delúbio foi expulso do PT e isto foi sua maior pena. Nada foi imputado a Lula, entretanto, nem mesmo a presunção do adágio “diz-me com quem andas...”.

Delúbio é hoje um pop star. Dá autógrafos, distribui sorrisos e não está nem aí para o que um país inteiro diz dele. Tira fotografias com “fãs” e investe em longa cabeleira, como se quisesse demonstrar displicentemente não só sua magnífica inocência como a brancura imaculada de sua consciência. Lula, cujo filho enriquece à custa de dinheiro público via uma concessionária de serviços públicos, cujo irmão estabanado bem que tentou influenciar e ganhar mas não levou como queria, do amigo que pagou suas contas e de sua filhota catarinense, do amigo que intermediou o milionário negócio entre companhias aéreas, do assessor citado no escândalo eleitoral do dossiê anti-tucanos, Lula, esse mesmo, não fosse ele o sofrido ex-metalúrgico, pobre, retirante, que combateu as elites e se tornou o presidente da República, “contrariando as oligarquias e os interesses do imundo capital internacional”, teria sido suspeito, indiciado, acusado ou até mesmo impedido. Bastaria que não fosse o Lula ou que não fosse do PT.

Delúbio e Lula, vinho da mesma pipa, farinha do mesmo saco, não só riem do Brasil como estão “em busca da perfeição”. E nos assusta o que eles entendem por “perfeição”. Perfeição pode ser governar com sabedoria, com lucidez e justiça. Perfeição pode ser, quem sabe, melhorar de fato a distribuição de riqueza entre os cidadãos. Perfeição pode até ser atingir indicadores de primeiro mundo, erradicando a dor e fazendo a delícia de ser brasileiro. O problema é quando perfeição é considerar apenas que... compensa.

Publicado no Diego Casagrande

Um comentário:

palavras outras.blogspot.com disse...

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