15 de out. de 2006

A estrelinha cabisbaixa - por Glauco Fonseca

É melancólica a contradição entre o que diz o candidato Lula e o que, de fato, está acontecendo. "A culpa não é do PT e sim de alguns companheiros que cometeram erros...", disse o presidente.

Também é triste a titulação de "companheiro" que o candidato à reeleição insiste em atribuir a tais pessoas. Não cai bem aos ouvidos ficar chamando de companheiros ministros desligados por falhas graves e erros éticos indefensáveis. A menção de companheiro a alguém como Palloci sugere que perdura uma relação supra-moral, que não deveria acometer homens públicos, como presidentes da república, por exemplo.

Outro caso é o "nosso" Delúbio". Mesmo depois de centenas de mentiras, de histórias mal contadas, de mandos e desmandos com dinheiro público ou de origem – sempre – duvidosa, o presidente ainda insistiu em manter o pronome possessivo demonstrando, novamente, um carinho clemente, um perdão afetivo, quase que debochando da necessidade de um recato ético inerente ao poder concedido pelo voto.

Não bastasse o "companheiro" e o "nosso", ainda tem o "Zé". O Zé em questão é apenas o chefe da quadrilha denunciada pelo Procurador Geral da República, mais conhecido nas gazetas policiais por José Dirceu, ex-ministro da república. O tal "Zé" deveria ser, no mínimo, uma pessoa com a qual um presidente da república jamais mantivesse contato após vexatória coleção de fatos tão vergonhosos. Mas o "Zé" não só é amigo do presidente da república como o representa em missões internacionais e em outras interlocuções. O José Dirceu, mais conhecido por nós como ordenador do mensalão, é o "Zé" de Lula, o amigo do peito.

Diz-me com quem andas...

É por isso que a luz da estrelinha do PT se apaga. O partido, que os trabalhadores pensavam que fosse deles, tem se apresentado ultimamente como mero instrumento na mão de Lula, de "companheiros", de "nossos" e de "Zés". O militante do Partido dos Trabalhadores ainda não se deu conta de que não está com vergonha de sua sigla, mas sim de seus líderes, os verdadeiros donos do PT.

A confusão que obscurece a estrelinha e a faz pequena em impressos, adesivos, cartazes e sites foi criada pelos verdadeiros proprietários, "companheiros" Berzoini, Luizinho, João Paulo, Mentor, "nossos" Delúbio, Silvinho e Okamotto e, finalmente, "Zés" Dirceu e Genoíno.

Num raciocínio paralelo, já dá pra entender o desuso da sofrida estrelinha. Ela não é mais usada porque pessoas decentes não querem ser relacionadas com "Companheiros", "nossos" e "Zés". Simples assim. Militantes aguerridos como sempre foram os petistas, diferentemente de seu presidente, não querem ser vistos com "companheiros", "nossos" e "Zés". Está claro.

Portanto, quando você ver um militante com uma bandeira do PT numa esquina, um adesivo num carro, um banner na sacada, não faça como o presidente do Brasil.

Respeite o Partido dos Trabalhadores.

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