30 de ago. de 2006

Perigosa Segregação - por Rodrigo Constantino

A existência de uma classe média é fundamental para evitar que democracia vire sinônimo de ditadura das massas. Nos países desenvolvidos, a formação de uma grande classe média tem impedido com razoável sucesso que governantes abusem do poder de forma grotesca, diferente do caso de uma Venezuela, onde um povo segregado entre os muito ricos e os muito pobres acaba vítima do populismo autoritário de um Hugo Chávez da vida.

Em Política, Aristóteles levantou diversos riscos da democracia, e percebeu também que esses riscos seriam mitigados em uma sociedade com grande classe mediana, sem muita desigualdade, e mais educada. Ele lembrou que “em toda parte onde uns têm demais e outros nada, segue-se necessariamente que haja ou democracia exacerbada, ou violenta oligarquia, ou então tirania, pelo excesso de uma ou de outra”. Portanto, os riscos da democracia são ainda maiores nas sociedades muito desiguais, posto que a massa fica ainda mais suscetível à manipulação dos demagogos, que concentram poder quase ditatorial.

Infelizmente, o Brasil parece estar caminhando rapidamente para este cenário. Com uma carga tributária beirando os 40% do PIB e uma burocracia asfixiante, é a classe média que paga o grosso da conta, pois não dispõe de mecanismos para fuga. Os muito pobres nada têm para entregar, e os muito ricos acabam locupletando-se com os políticos poderosos. O modelo estatal hipertrofiado tem segregado o povo brasileiro, praticamente condenando a classe média à extinção. Trata-se de um perigoso quadro, favorável para radicais revolucionários, tais como o MST. Para reverter essa perigosa segregação, só mesmo reduzindo drasticamente o maior concentrador injusto de renda: o Estado. Caso contrário, o pouco que restou da classe média poderá sentir saudades até de Lula um dia, quando Pedro Stédile lograr a tomada do poder...

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