5 de ago. de 2006

Ignorância de Estado - por Jorge Geisel*

Caso as urnas de 2006 favoreçam, mais uma vez, a vitória partidária do determinismo marxista tupiniquim, nosso país cairá em nova cilada empobrecedora

O CONFORMISMO É O INIMIGO DA PROSPERIDADE E O CARCEREIRO DA LIBERDADE” – J. KENNEDY (1921-1963), PRESIDENTE DOS E.U.A.

O isolacionismo, blindado pela exacerbação de poderes políticos sediados no Planalto Central, suficientemente afastados dos inconformismos locais, regionais e nacionais, serviu para cristalizar a velha e renitente “ignorância de Estado”.

Brasília hospeda hoje uma estrutura governamental aparvalhada diante das copiosas informações, que vão muito além de sua capacidade de absorção e de processamento. Segue, pois, impotente diante das realidades que existem desapercebidas de sua suposta cognição majestática. Esclerosou-se na petulância míope de seus circuitos de comandos centrípedos, entupidos de normas contraditórias. Voltou-se, com afinco demolidor, à instituição do estado alimentário, monopolista, promovendo-se a si mesmo como fonte de cultura, educação, saúde, alimentação, emprego, agenciamento imobiliário e curador do futuro, além de outras qualidades necessárias para a conquista de um milagre sebastianista. Enxerido em tudo, entretanto, mostra-se incapaz de assegurar a segurança pública, a legítima defesa, o direito de propriedade e, portanto, a própria liberdade.

O inconformismo de meia pataca exposto em face do regime autoritário de 1964, simplesmente transferiu para a Constituição de 1988 o aleijão político anterior, reproduzindo anomalias representativas na Câmara Federal, tais como os votos concedidos pelos paulistas aos seus 70 deputados federais valendo muito menos do que os votos que elegem os 8 deputados federais de Roraima, do Acre ou do Amapá, por exemplo. Esta farsa democrática, bem demonstra o grau de ilegitimidade representativa dos próprios constituintes de nossa República Federativa de araque.

Nossa ordem política tem sido ditada pela ignorância de estado. Foi moldada pelos políticos e para os políticos. A Nação e seu Povo tornaram-se reféns de seus apetites e oportunismos. A ordem política abriu o caminho para a dependência completa do indivíduo em face do Estado obeso, mitológicamente salvador.

A ignorância de estado, por parte dos governantes e dos governados brasileiros, tornou o Indivíduo, o verdadeiro protagonista do desenvolvimento, da produção e do consumo, num desajustado social, num aspirante à imigração ou à informalidade, no exilado das oportunidades de iniciativa. O Estado tornou-se o grande problema brasileiro. Tomado de assalto pela ignorância e pela padronização da relatividade moral, pretende comandar a confiança nacional. Seus assaltantes precisam ser contidos. A confiança dos indivíduos em si mesmos, precisa ser despertada da letargia programada pelo ensino continuado da ignorância em busca do Estado provedor. Não há mais como postergar a continuação do regime ignorante, falido e safado da repartição previdenciária. A futura inatividade não pode mais continuar sujeita às decisões oportunistas do Presidente e do Congresso. A capitalização nominal das contribuições precisa ser implementada, como sendo propriedade privada contratada, conforme planos diversificados de escolha. A liberdade precisa assoprar os ventos políticos de Pindorama.

Caso as urnas de 2006 favoreçam, mais uma vez, a vitória partidária do determinismo marxista tupiniquim, nosso país cairá em nova cilada empobrecedora, movida pelo odioso propósito de distribuir renda à custa do trabalho alheio,isto é, uma distribuição fora das realidades do mercado, concentrando renda no Tesouro para pagar caro os débitos das utopias, das incúrias, do empreguismo deslavado e da agiotagem organizada. Prosseguirão, então, as políticas típicas do centralismo mandonista e intervencionista, para o desespero de alguns estados e para a alegria das muitas satrápias provinciais de nossa Federação capenga. Estaremos, os ingênuos que ousaram investir, estudar e ou trabalhar, em constantes apuros. Os imbecis, inebriados pela vitória contra si próprios.

A “ignorância de Estado”,poderá ser vislumbrada no velho ensinamento do célebre filósofo chinês, Confúcio (c.551?-c.479? a.C.): “Se um Estado for governado de acordo com os princípios da razão, a pobreza e a miséria serão objeto de vergonha; se um Estado não for governado pelos princípios da razão, as riquezas e as honras serão objeto de vergonha”. ..

* - Advogado especialista em Direito Marítimo com passagem em diversos cursos e seminários no exterior. Poeta, articulista, membro trintenário do Lions Clube do Brasil, membro fundador do PF- Partido Federalista, atualmente em formação. É um dos mais expressivos defensores da idéia de maior independência das unidades da federação.

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