23 de mar. de 2006

A OMISSÃO DO GOVERNO ESTIMULA A OUSADIA DO MST

Por Guilherme Afif Domingos, candidato à Presidência em 1999

A Nação assistiu, estarrecida e revoltada, às cenas de vandalismo e selvageria da destruição das mudas de eucaliptos por parte de um grupo de mulheres da organização Via Campesina, entidade estrangeira ligada ao MST, em um espetáculo de violência gratuita que precisa ser não apenas devidamente repudiado pela sociedade, como, exemplarmente punido para demonstrar que o país ainda vive em um Estado de Direito . O que se viu foi um verdadeiro ato terrorista, em que se buscou destruir a capacidade do País de competir no mercado mundial, no qual goza de inegáveis vantagens comparativas, mas investe em pesquisa e tecnologia para manter sua liderança.
Quando se constata que as mulheres que participaram daquela ação pareciam demonstrar satisfação naquele ato de destruição, como se tivessem sido submetidas a uma "lavagem cerebral", é preciso se preocupar com o que pode acontecer com as crianças e jovens que vêm sendo doutrinados nos acampamentos do MST. Tudo indica que se está formando uma geração de "fundamentalistas agrários", educados no ódio ao capitalismo, simbolizado na propriedade agrícola, que poderá vir a representar sério problema no futuro.
A omissão do governo em relação às invasões de propriedades, anunciadas pelo MST com antecedência, sem que nenhuma providência tenha sido tomada para impedi-las ou para punir aqueles que publicamente defendiam e incitavam as ações ilegais, vem estimulando a ousadia desse movimento, que já se sente suficientemente forte para ações desse tipo, que extrapolam o discurso falso com que se apresentava no início de suas atividades. Esses atos revelam aquilo que muitos já sabiam, mas alguns preferiam ignorar, de que as verdadeiras intenções dessa organização nada têm a ver com a reforma agrária, mas apenas se vale da miséria de milhares de pessoas, que vêm servindo de massa de manobra para esse grupo.
Ficou claro que o objetivo da Via Campesina e do MST é o de impor à Nação, pela força, sua visão ideológica contrária à democracia e à economia de mercado. A participação da Via Campesina, uma entidade estrangeira que defende o protecionismo agrícola francês contra os interesses de países exportadores como o Brasil, e o financiamento ostensivo do MST por organizações externas, permitem indagar até que ponto não existem outros objetivos no ataque à agroindústria, o setor que mais vem contribuindo para a expansão da economia brasileira e conquistando mercados mundiais. Seguramente, essa ação não atende aos interesses do Brasil e do povo brasileiro.
É lamentável constatar que a posição do governo em relação à esses grupos tem ido da simpatia e do estímulo do presidente Lula, que recebeu em palácio seus líderes e colocou o boné do movimento, à completa omissão e, até, parcialidade, dos órgãos federais de segurança, que se preocuparam em conter a "violência legítima" daqueles que procuram defender sua propriedade desarmando-os, sem tomar qualquer providência com relação à violência das invasões. A única ação da Polícia Federal no tocante à área agrícola foi a de desarmar as empresas de segurança que defendiam as propriedades. Nenhuma investigação, até agora, quanto à origem dos recursos desses movimentos e com relação às inúmeras denúncias sobre a participação de estrangeiros em muitas de suas ações.
Não pode mais prevalecer a desculpa, sem qualquer fundamento mas sob a qual vem se escudando o governo, de que não se deve "criminalizar os movimentos sociais ". Os atos de destruição na Aracruz e a invasão do centro de pesquisa da multinacional Sygenta não são ações de "movimentos sociais" , sendo, na verdade, ações criminosas que visam impor pela força a vontade de um grupo que revela não aceitar a estrutura legal vigente e a não respeitar a autoridade constituída. Agem como se fossem "um Estado dentro do Estado", a exemplo do que ocorre com o narcotráfico no Rio de Janeiro, que impõe sua lei aos cidadãos. A diferença é que os traficantes atuam em " seu território", no qual o Estado não entra, e esses movimentos estão agindo em todo o território nacional, como se estivessem acima da lei e imunes às sanções legais que deveriam resultar de seus atos criminosos.
O governo tem sido omisso no tocante à grave crise que vem sendo enfrentada pelo agronegócio em decorrência da seca, da taxa cambial, da febre aftosa, da gripe viária e dos custos elevados provocados pelas deficiências da infra-estrutura. Isto revela o descaso com que trata o setor que mais vem contribuindo para a solução do secular problema das contas externas. Permitir, no entanto, as agressões de que vêm sendo vítimas a propriedade e a atividade agrícola significa colocar em risco as instituições, o que afugenta investimentos, inclusive em outras áreas, e coloca em cheque o próprio regime democrático, que não sobrevive sem o respeito à lei e às normas de convivência social.
O governo precisa agir para mostrar que o País ainda vive em um Estado de Direito. O presidente da República deve uma satisfação à sociedade sobre sua posição em relação a esses atos criminosos, não apenas com manifestações retóricas, mas com base nas ações que as responsabilidades de seu cargo exigem.
Basta! Chega de omissão!
No Diário do Comércio, de 20/03/2006

Nenhum comentário: